O
Clemente, 27.�
rei de Portugal.�
Nasceu
em Lisboa a 13 de maio de 1767, onde tamb�m faleceu a 10 de mar�o
de 1826. Era filho segundo da rainha D. Maria I, e de seu
marido e tio D. Pedro III.�
A
8 de Maio de 1785 casou com a princesa espanhola, D. Carlota
Joaquina de Bourbon, filha de Carlos IV e da rainha D. Maria
Lu�sa Teresa de Bourbon. Em 1788 foi declarado herdeiro do
trono, por ter falecido seu irm�o primog�nito, o pr�ncipe
D. Jos�. Tendo enlouquecido a rainha sua m�e, teve de
assumir a reg�ncia do reino no dia 1 de fevereiro de 1792. D.
Jo�o estava habituado a entregar-se � ca�a e a percorrer os
conventos, muito despreocupado dos negocies p�blicos, que se
lhe tornavam indiferentes, bem longe de pensar que seria cedo
nomeado regente do reino, e mais tarde aclamado rei. Al�m
disso, o pa�s encontrava-se numa situa��o deplor�vel.�
Por
ocasi�o da morte de Lu�s XVI em 1793, Portugal entrou na
liga com a Inglaterra e a Espanha contra a Republica Francesa.
Uma divis�o portuguesa combatia no Rossilh�o ao lado dos
espanh�is, tornando-se muito distinta, mas apesar disso, a
Espanha resolveu fazer a paz com a Rep�blica Francesa,
abandonando Portugal. A situa��o do nosso pa�s ficou deveras
embara�osa. Sem o auxilio da Espanha, desprezados pela
Inglaterra, prejudicados gravemente no com�rcio pelos cors�rios
franceses, resolveu o governo portugu�s solicitar da Rep�blica
Francesa a paz, que bem precisa se tornava nestas dif�ceis
circunst�ncias, mas o Direct�rio republicano n�o estava
disposto a conced�-la, e s� mais tarde � que prop�s um
tratado de paz, que n�o era muito desvantajoso para Portugal,
mas o governo portugu�s n�o quis ratific�-lo, para n�o ser
desagrad�vel � Inglaterra. A Fran�a irritou-se, e
Bonaparte, que se indignara muito com a presen�a duma
esquadra portuguesa no Mediterr�neo, auxiliando a de Nelson,
quando subiu ao poder como primeiro c�nsul, fez com que a
corte de Madrid declarasse guerra a Portugal, em 1801. As
tropas daquelas duas na��es, comandadas pelo Pr�ncipe da
Paz, D. Manuel Godoy, atacaram Portugal, tomaram Oliven�a, e
entraram no Alentejo. O nosso exercito achava-se num estado
miser�vel, e n�o podendo resistir, teve o governo de aceder
a um tratado de paz humilhante, feita em Badajoz, que tem a
data de 6 de Junho do referido ano de 1801, sendo ratificado
pelo governo portugu�s no dia 14, e pela Espanha em 21 do
citado m�s e ano.�
Desde
ent�o perdeu a Europa toda a considera��o pelo nosso pa�s;
o embaixador de Fran�a, o general
Lannes, tratava o governo portugu�s com o m�ximo desd�m, e
Napole�o, que subira ao trono da Fran�a com o titulo de
imperador, convencendo-se que n�o conseguiria nunca que o pr�ncipe
regente de Portugal cedesse francamente ao denominado Sistema
continental, fechando os portos �s embarca��es
inglesas, tomou o partido de riscar este reino da carta pol�tica
da Europa, e fez um tratado com a Espanha, que se assinou em
Fontainebleau a 27 de outubro de 1807, que dividia Portugal em
tr�s estados: a Lusit�nia
do Norte (Entre o Douro e Minho) devia pertencer ao Rei da
Etr�ria; o Alentejo com
os Algarves ao Pr�ncipe
da Paz, valido de Carlos IV, que tomaria o t�tulo de rei
dos Algarves; o terceiro estado ficaria no poder da Fran�a
at� � paz geral. Reino
da Etr�ria era o nome que teve por algum tempo o gr�o-ducado
da Tosc�nia, quando em 1801 foi tirado � casa da �ustria e
erigido em reino a favor de Lu�s, pr�ncipe heredit�rio de
Parma. Por morte deste pr�ncipe em 1803, passou a ser
governado por Maria Lu�sa, filha de Carlos IV, de Espanha.
Este reino desapareceu no fim do ano de 1807, em consequ�ncia
dum tratado com a Espanha, ficando incorporado na Fran�a, e
reapareceu como gr�o-ducado da Tosc�nia em 1809. Para a
execu��o do tratado de Fontainebleau, Napole�o mandou
marchar para Lisboa com a maior rapidez um ex�rcito comandado
pelo general Junot. O ex�rcito passou o Bidassoa a 18 de outubro
de 1807, atravessou em pleno Inverno as serranias espanholas,
sofrendo priva��es de toda a qualidade, e chegou �
fronteira portuguesa em 20 de novembro j� em condi��es
detest�veis. O Inverno era desabrido; n�o havia estradas,
parecia imposs�vel que um ex�rcito pudesse atravessar a
Beira em semelhantes condi��es. Pois atravessou sem
encontrar resist�ncia alguma. Junot entrou em Abrantes no dia
24 � frente de 4.000 ou 5.000 homens, descal�os, famintos,
estropiadas. No dia 25 saiu de Abrantes com uns 4.000 homens
que a muito custo conseguira apurar dum dia para o outro.
Encontrou muitas dificuldades para passar o rio Z�zere, para
atravessar os campos da Goleg� inundados; entrou em Santar�m
no dia 28 com o seu estado-maior incompleto, com um regimento
de granadeiros e 70 soldados de linha. Nesse mesmo dia marchou
para Lisboa, e a pequena distancia desta cidade encontrou um
destacamento de cavalaria portuguesa. Uma carga dos nossos
cavalos bastaria para dispersar essa turba fatigada, que se
arrastava a custo pelas estradas, mas os soldados tinham ordem
de receber os franceses como amigos, e n�o havia quem os
comandasse. No dia 30 de novembro, finalmente, entrou Junot em
Lisboa com dois regimentos compostos de soldados p�lidos,
fracos, com o uniforme rasgado, e as espingardas arruinadas. A
fam�lia real portuguesa, a corte e muitos dos seus vassalos
que quiseram acompanh�-la, embarcaram para o Rio de Janeiro
debaixo da protec��o duma esquadra inglesa, a 29 de novembro.
Portugal ficou entregue a uma reg�ncia. Junot declarou logo
� sua entrada em Lisboa, que em nome de Napole�o a fam�lia
de Bragan�a deixara de reinar; e na qualidade de governador
de Portugal nomeou um conselho de governo, de que fizeram
parte alguns portugueses, para substituir a reg�ncia, que o
rei nomeara. O povo, abandonado pelos seus pr�ncipes, mas
impaciente com sofrer o jugo estrangeiro, indignado pelas exig�ncias
dos franceses, pelas afrontas feitas por Junot � bandeira
portuguesa, pela viol�ncia que praticara expedindo para Fran�a
o nosso ex�rcito, reduzido a um pequeno corpo, que tomou o
nome de Legi�o
portuguesa, que foi obrigada a militar no exercito de
Napole�o, o povo ergueu-se indignado no Porto em 1808,
propagou-se a revolu��o nas prov�ncias do norte, e rebentou
depois no Algarve. Junot reprimiu-a cruelmente, e os seus
subalternos� Loison,
Margaron, Thomi�res e Kellermann, em �vora, Leiria, Nazar�
e Beja, praticaram verdadeiras atrocidades, mas entretanto a
Inglaterra, que procurava no continente um porto onde fizesse
desembarcar tropas para combater Napole�o, aproveitou a
insurrei��o portuguesa.�
O
general Arthur Wellesley, depois duque de Wellington,
desembarcou com o seu ex�rcito a 6 de agosto de 1808 na ba�a
de Vagos, derrotou os franceses nas ac��es da Roli�a e de
Vimeiro, dadas nesse m�s, e Junot, venda a impossibilidade de
sustentar-se em Portugal, foi obrigado a capitular, propondo a
c�lebre Conven��o
de Cintra, que assinou em 30 de agosto o general Dalrymple,
que tinha sucedido a Wellesley no comando, para a total evacua��o
de Portugal pelo exercito franc�s, o a 15 de setembro
seguinte arvorou-se em Lisboa a bandeira portuguesa. Assim
terminou a primeira invas�o francesa. As condi��es da
Conven��o, em que n�o figuraram portugueses, foi reprovada,
tanto em Portugal, como em Inglaterra. Bernardim Freire e o
conde de Castro Marim foram os primeiros a protestar; em
Londres, os jornais ocuparam-se largamente do assunto, que foi
tamb�m discutido no parlamento; o governo brit�nico mandou
meter em processo o general que a assinou. A Espanha, a que
Napole�o quisera impor para rei seu irm�o Jos�, depois de
ter arrancado em Baiona a Carlos IV e a seu filho D. Fernando
uma abdica��o for�ada, revoltara-se contra os franceses. As
tropas inglesas, comandadas por John Moore, pretenderam passar
de Portugal a Espanha, mas foram derrotadas na Corunha pelo
general Soult no principio do ano de 1809, sendo obrigadas a
embarcar, descobrindo a fronteira portuguesa, que o general
Soult invadiu pela provinda do Minho em mar�o de 1809 com um
numeroso exercito. A cidade do Porto foi tomada no dia 24
desse m�s. Soult, afagando vagas ideias de uma realeza
portuguesa, n�o prosseguiu na sua marcha, o que permitiu que
a reg�ncia de Portugal desse o comando do nosso ex�rcito,
para o disciplinar e instruir, ao general ingl�s Beresford. O
ex�rcito anglo-luso marchou para o norte �s ordens do
general Wellesley, e a 29 de maio recuperou a cidade do Porto,
perseguindo os franceses at� � fronteira do norte, e
obrigaria o general Soult a capitular, se ele se n�o
esquivasse para a Galiza numa retirada habil�ssima. Descendo
ao sul, Wellesley entrou em Espanha, deu a batalha de Talavera,
e retirou para Portugal, conservando-se o ex�rcito portugu�s
em observa��o. Em 1810 houve a terceira invas�o francesa,
sendo o ex�rcito comandado pelo general Massena. Depois de
tomar Almeida,
marchou
para Lisboa, e atacou a 27 de setembro o ex�rcito anglo-luso
postado nas alturas do Bu�aco; foi repelido com perdas
graves, mas no dia seguinte p�de tomar a posi��o, o que
obrigou o general ingl�s a retirar-se precipitadamente para
cobrir Lisboa. Massena avan�ou, devastando tudo pelo caminho,
mas esbarrou na frente das linhas de Torres Vedras, em que
ficou vencido. At� 1814 deram-se diferentes batalhas em que
os franceses foram sempre derrotados, at� que afinal Massena
abandonou Portugal, terminando assim a guerra da Pen�nsula. A
Legi�o Portuguesa, que fora a Fran�a combater �s ordens de
Napole�o, regressou a Portugal.�
No
entretanto, a fam�lia real e a corte conservavam-se no
Brasil. O pr�ncipe D. Jo�o dirigira os neg�cios do reino,
mas despachou sempre em nome da rainha, sua m�e, at� 14 de julho
de 1799, em que perdidas completamente as esperan�as do
restabelecimento da infeliz enlouquecida, assumiu oficialmente
a reg�ncia. Em 16 de mar�o de 1816 faleceu D. Maria I, e D.
Jo�o VI come�ou a reinar como soberano no dia 20, sendo
aclamado e coroado rei do Reino Unido de Portugal, Brasil, a 6
de fevereiro de 1818. Na vida dom�stica o monarca era muito
infeliz. A rainha D. Carlota Joaquina, al�m do seu
procedimento escandaloso, n�o se cansava de levantar obst�culos
de todo o g�nero em Portugal conspirando contra o rei,
correndo at� o boato de que pretendera envenen�-lo, na Am�rica,
procurando formar um reino para si com uma parte das col�nias
espanholas. O Brasil havia acolhido com entusiasmo a fam�lia
real, cuja resid�ncia ia transform�-lo de col�nia em metr�pole.
Por isso tamb�m escapou ao cont�gio da revolu��o, e nem
pensou em reclamar a sua independ�ncia. Mas, ao terminar a
guerra da pen�nsula, tendo D. Jo�o VI continuado a
demorar-se na Am�rica, Portugal come�ou a inquietar-se e a
indignar-se, tanto mais que o general Beresford, que ficara em
Portugal comandando o nosso ex�rcito, com muitos oficiais
ingleses a comandarem os nossos regimentos, governava mais do
que a reg�ncia, o que sobremaneira exaltava o �nimo do povo,
pouco sofredor do jugo estrangeiro. Al�m disso, aqui, como em
toda a Europa, come�avam a fermentar as ideias liberais
espalhadas pela revolu��o francesa. Em 1817 tramou-se uma
conspira��o promovida em parte pelas ideias liberais, em
parte pela indigna��o contra o estado de col�nia a que
Portugal estava reduzido. Essa conspira��o foi afogada
cruelmente pela morte de Gomes Freire de Andrade e das v�timas
do Campo de Sant'Ana. No Brasil tamb�m fermentavam nalgumas
prov�ncias as ideias republicanas e as de autonomia
americana. A revolu��o que rebentou em Pernambuco, em 1817,
foi prontamente sufocada.�
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D. Jo�o VI
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Em
24 de agosto de 1820 deu-se uma revolu��o no Porto, com o
fim de dar ao pa�s um governo constitucional, e em 15 de
Setembro formou-se um governo provis�rio, mas apenas se
reuniram as cortes gerais constituintes, foi substitu�do por
um governo executivo, com o titulo de Reg�ncia, durante a aus�ncia
de el-rei. O congresso encarregou uma comiss�o escolhida,
entre os seus membros, de estabelecer as bases da Constitui��o.
O conde de Palmela, D. Pedro de Sousa Holstein, mais tarde
marqu�s e duque do mesmo t�tulo, era ministro dos
estrangeiros, para que fora nomeado em 1817; vindo a Lisboa,
onde teve de se demorar por causa dos seus neg�cios dom�sticos,
assistiu � revolu��o de 1820. Julgara o ilustre diplomata
poder encaminhar o movimento do Porto, por forma a produzir em
Portugal um governo constitucional, � imita��o do de
Inglaterra. Era, por�m, tarde, e o movimento iniciado no
Porto, desenvolvendo-se com rapidez, n�o permitiu que fossem
postos em pr�tica os seus planos prudentes e patri�ticos.
Partiu ent�o para o Rio de Janeiro em outubro de 1820, com o
intuito firme de persuadir D. Jo�o VI a que aceitasse o
regime constitucional e evitasse por esta forma as grav�ssimas
dificuldades que se apresentavam a todo o observador sincero e
esclarecido. No Rio de Janeiro encontrou mais contradi��es
do que esperava. A corte n�o acreditava na gravidade das
circunst�ncias, nem se mostrava receosa da opini�o p�blica
no Brasil, mas depressa se desenganou com as not�cias
chegadas de Portugal e a subleva��o da Ba�a. S� ent�o �
que D. Jo�o VI, aceitando os conselhos de Palmela, se
determinou a mandar a Portugal o pr�ncipe D. Pedro, para
outorgar a base duma constitui��o, e a convocar no Rio de
Janeiro uma assembleia de not�veis, de todas as prov�ncias,
para se assentar na forma de governo, que se havia de dar ao
Brasil. O pr�ncipe, por�m, recusou-se a partir, por conselho
de maus conselheiros, e por andar secretamente conivente nas
intrigas que se armavam para se conseguir a independ�ncia do
Brasil. Nestas circunst�ncias, D. Jo�o VI foi for�ado a
regressar a Portugal. Deixou no Brasil como seu lugar-tenente
o pr�ncipe D. Pedro, e embarcando com o resto da fam�lia
real para a Europa, entrou no
Tejo a 3 de Julho de 1821.�
Feita
a Constitui��o, foi jurada pelo soberano no dia 1.� de outubro
de 1822. No Brasil, no dia 7 de setembro do mesmo ano de 1822,
D. Pedro, no conflito que se erguera entre o Brasil e as
cortes portuguesas onde os deputados brasileiros tinham sido
at� ali acolhidos dum modo hostil, optava pelo Brasil, e a
independ�ncia brasileira ficou de facto proclamada, tomando o
pr�ncipe real D. Pedro o t�tulo de imperador. Assim ficou
constitu�do o imp�rio do Brasil. O monarca reconheceu com
bastante m�goa aquela independ�ncia, pelo decreto de 29 de agosto
de 1825, reservando para si o tratamento de imperador
titular do Brasil, e desde ent�o, todos os diplomas se
passavam em nome Sua
Majestade o Imperador e Rei. D. Jo�o VI exercia as suas
fun��es de rei constitucional, ao passo que a rainha D.
Carlota Joaquina continuava a levantar-lhe obst�culos,
manifestando um �dio entranhado �s institui��es
constitucionais, contra as quais conspirou. Esta forma de
governo prevaleceu at� ao ano de 1823, em que se formou uma
insurrei��o, tendo � frente o infante D. Miguel, filho
predilecto da rainha. A contra-revolu��o rebentou em Lisboa
no dia 27 de maio; o infante D. Miguel foi para Vila Franca, e
ali se lhe reuniu o regimento de infantaria n.� 23, e
aclamou-se em Vila Franca o absolutismo. Esta contra-revolu��o
ficou conhecida pelo nome de Vilafrancada
(V. este nome).�
O
infante e a rainha queriam ir mais adiante e alcan�ar a
abdica��o do rei, que, fiel ao seu juramento, queria manter
a Constitui��o, apesar das numerosas ades�es que a causa do
absolutismo continuava a receber em ViIa Franca, mas a revolta
do Regimento de Infantaria n.� 18, que, reunido com magotes
de povo, foi ao pa�o da Bemposta aclamar o rei absoluto,
decidiu D. Jo�o VI a tomar a direc��o de movimento
absolutista, e partindo para Vila Franca, voltou dali em
triunfo a Lisboa, acompanhado de muitos fidalgos entusiasmados
pela reac��o. As cortes dispersaram-se, depois de
protestarem contra quaisquer altera��es que se fizessem na
Constitui��o, o regime absoluto ficou restabelecido
novamente em Portugal. No entretanto D. Carlota Joaquina e o
infante D. Miguel continuavam nas suas intrigas. Nos fins do
ano de 1823 a pol�cia descobriu uma conspira��o planeada
pela rainha e o infante seu filho, que fora nomeado comandante
em chefe do ex�rcito, para for�ar D. Jo�o VI a uma abdica��o.
Prevenidas a tempo as autoridades, ficou malograda a conspira��o,
que poucos meses depois de novo se animou. Os motivos de
queixa alegados pelos partid�rios da rainha contra o rei era
a demasiada benevol�ncia que ele mostrava com os liberais, e
a promessa que lhes fizera, e parecia desejar cumprir, de
outorgar uma constitui��o no reino. A 28 do fevereiro de
1824 foi assassinado o marqu�s de Loul� em Salvaterra, crime
que a voz publica atribuiu ao infante D. Miguel ou aos seus
apaniguados, e que veio revelar como o partido miguelista se
queria livrar dos homens mais afectos ao rei, e que poderiam
aconselh�-lo bem ou defende-lo em cr�ticas circunst�ncias.
A 30 de abril de 1824, D. Miguel, como comandante em chefe do
ex�rcito, chamava as tropas �s armas, prendia diversos
ministros e personagens importantes, conservava seu pai
guardado � vista e incomunic�vel no pa�o da Bemposta, e
proclamava ao povo, dizendo-lhe que uma conspira��o de
pedreiros livres tramava o assass�nio do rei, e que ele
infante se erguera para o proteger; o que ele tentava, por�m,
era obrigar seu pai a abdicar, quando o corpo diplom�tico,
tendo � sua frente o ministro de Fran�a Hyde de Neuville,
entrou no Pa�o, obrigando as sentinelas que tinham ordens em
contr�rio a deixarem-no passar, protestando todos os
ministros contra qualquer viola��o �, autoridade real. Isto
obrigou a rainha e o infante a serem mais moderados. Ficou
conhecida esta revolta pela designa��o de Abrilada
(V. este nome). El-rei, no dia 9 de maio, por conselho dos
embaixadores da Fran�a e da Inglaterra, simulou um passeio a
Caxias, e foi recolher-se a bordo da nau Windsor
Castle. Mandou ent�o chamar o filho, repreendeu-o
asperamente, demitiu-o do seu cargo de comandante em chefe do
ex�rcito, e exilou-o para o estrangeiro. No dia 14 do
referido m�s voltou para o pa�o da Bemposta, restabeleceu o
minist�rio, mostrando-se muito benevolente para com os
revoltosos da Abrilada. A pol�cia descobriu nova conspira��o,
que devia rebentar no dia 26 de outubro do mesmo ano de 1824.
Tomaram-se ent�o algumas medidas en�rgicas, e D. Carlota
Joaquina foi presa para Queluz.�
Todos
estes desgostos, e o pesar que lhe causou o ver-se obrigado a
reconhecer a independ�ncia do Brasil, lhe alteraram a sa�de,
abreviando-lhe a morte. Antes de falecer, nomeou uma Junta de
Reg�ncia, pelo decreto de 6 de mar�o de 1826, a qual seria
presidida por sua filha, a infanta D. Isabel Maria, e composta
do cardeal patriarca, duque de Cadaval, marqu�s de Valada,
conde dos Arcos e 6 ministros de Estado. D. Jo�o VI animou as
letras, as artes, o com�rcio e a agricultura; fundou alguns
estabelecimentos, em que se conta o Instituto
dos Surdos-Mudos e Cegos.�
Do
seu matrim�nio, houve os seguintes filhos: D. Maria Teresa,
casada em primeiras n�pcias com o infante de Espanha D. Pedro
Carlos de Bourbon, e pela segunda vez com D. Carlos Maria
Isidoro, tamb�m infante de Espanha e seu cunhado; D. Ant�nio,
pr�ncipe da Beira, que faleceu com seis anos, em 1801; D.
Maria Isabel, que casou com o rei de Espanha, Fernando VII; D.
Pedro IV; D. Maria Francisca de Assis, casada com o pr�ncipe
de Espanha, j� citado, D. Carlos Maria Isidoro, o qual por
morte desta sua primeira mulher, passou a segundas n�pcias
com sua cunhada, a infanta D. Maria Teresa; D. Isabel Maria,
que se conservou solteira, e foi regente do reino; o infante
D. Miguel; D. Maria da Assun��o, que tamb�m faleceu
solteira; D. Ana de Jesus Maria, que casou com o marqu�s de
Loul�, Nuno Jos� de Mendon�a Barreto.�
D.
Jo�o VI foi o 8.� pr�ncipe da Beira e do Brasil, o 21.�
duque de Bragan�a, 18.� de Guimar�es, 16.� de Barcelos,
20.� marqu�s de Vila Vi�osa, 24.� conde de Arraiolos; 22.�
conde de Our�m e de Barcelos, de Faria e de Neiva; gr�o-prior
do Crato e senhor da Casa do Infantado; gr�o-mestre das
ordens militares de Cristo, Avis, S. Tiago da Espada, da Torre
e Espada, restaurada em maio de 1808, � qual deu nova forma e
regulamento pela lei de 29 de novembro do mesmo ano, ampliado
pelo alvar� de
5
de julho de 1809; da Ordem de S. Jo�o de Jerusal�m, e gr�o-prior
em Portugal; gr�-cruz da Ordem de N. Sr.� da Concei��o,
que ele instituiu a 6 de fevereiro de 1818; cavaleiro da Ordem
do Tos�o de Ouro, e gr�-cruz das ordens de Carlos III, S.
Fernando e Isabel a Cat�lica, em Espanha; do Santo Esp�rito,
S. Lu�s, S. Miguel e da Legi�o de Honra, em Fran�a; de
Leopoldo da �ustria, e de Santo Est�v�o da Hungria, da
Coroa de Ferro, de It�lia; das de S. Andr�, S. Alexandre
Nevsky e de Sant�Ana da R�ssia, cavaleiro da Ordem da
Jarreteira em Inglaterra; gr�-cruz da do Elefante, de
Dinamarca; do Le�o Neerland�s, dos Pa�ses Baixos; da �guia
Negra, na Pr�ssia.�
Serviu
de condest�vel no acto da aclama��o de sua m�e, a rainha
D. Maria I.
�
�
Biografia
de�D. Jo�o VI
O Portal da Hist�ria
�
�